sexta-feira, 29 de abril de 2011

Show com um barrigãaaao!


Pessoal,
amanhã tenho show no Jubileu de Ouro (50 anos) da Paróquia São Judas Tadeu em Bangu às 20h!
Vambora?
Beijocas!!



(Informações: 3331.4268)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CARTA AOS QUE FICARAM - Uma tragédia perto de casa...

Minha irmã escreveu uma carta pra gente. Isso mesmo, pra mim e pra vc também.

Vale a pena ler.

"Uma tragédia aconteceu bem no meu quintal. Não deu tempo de fazer nada. Não deu tempo de salvar nada. Não deu tempo. Sentada agora de frente pra essa paisagem refeita, o que fica no meu peito é aquele vazio de quem perde tudo e pensa: como fazer pra começar de novo?

Na última semana nós sofremos talvez o maior golpe da nossa história. Um menino entra numa escola e mata uma dúzia de crianças. Instantaneamente, o que era uma manhã comum, se transforma num pesadelo que viria durar noites e noites. Pesadelo daqueles que a gente não acorda.

Então a gente se pergunta: mas por que isso aconteceu? Como isso aconteceu? Será que não dava pra ter sido evitado? Será que...

Será? Não sei. Não sei mesmo. Só sei do que eu sinto. E disso eu posso falar.

Ontem, quando eu entrei em sala de aula pela primeira vez depois do acontecido, fui tomada por uma sensação estranha e até então desconhecida de pavor e assombro. Como num filme mal feito, as cenas ficaram paralisadas e a imagem que me acometia a cada segundo era sempre a mesma: do menino entrando sala a fora atirando corações a dentro. E a sensação que eu tive foi muito clara. Foi medo. Medo por saber que foi por pura sorte que a sala em questão não tivesse sido a minha.

Eu sempre acreditei ser a violência uma correnteza muito forte que passava rente ao portão da escola, mas que nunca a levava. Sempre vi a escola como aquele ponto alto da cidade, onde as pessoas recebiam ajuda e abrigo, quando uma grande enchente acontecia. Sempre imaginei a escola como sendo um alicerce, um telhado, um carinho que diz no ouvido de quem sofre: vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem; aqui você está seguro; vai ficar tudo bem.

Ao meu ver a escola sempre teve esse papel: o de lutar contra a maré da violência, do abandono e do descaso que nossos alunos sofrem todo dia. Um lugar neutro onde as forças poderiam ser recarregadas e onde eles pudessem ver que nem tudo estaria perdido, que a educação era o caminho e que a escola era o portal para levá-los a uma vida melhor.

Porém, o que não esperávamos, era que essa violência, esse abandono e esse descaso passassem do portão de entrada, como numa tsunami. Com o tempo, a escola aos poucos passou a ser cada vez mais um lugar inóspito e abandonado, onde disciplina virou matéria de luxo e educação, um nome de secretaria. Como no livro de Saramago, fomos trancados e esquecidos dentro grandes espaços despreparados para tanta cegueira, para tanta carência, para tanta violência.

Bom, e o que a gente precisa hoje?

Nossa... Eu diria que uma lista interminável. Sobra tanta falta...

Falta segurança, na pessoa de porteiros. Falta organização, facilmente resolvida com mais inspetores. Falta pessoal, para tornar tudo mais ágil. Falta estrutura, material humano, preparo. Falta boa vontade, em tentar fazer tudo isso possível.

Porque não quero mais me sentir como se estivesse sozinha, num pequeno bote inflável, desesperada, remando a esmo, tentando salvar um ou outro, dos poucos que ainda sobraram com vida. Não acho justo. Não acho certo.

Eu sei que a nossa história não termina agora. Essa tempestade um dia vai acabar.

E é por isso que eu não quero mais olhar para o horizonte apavorada, calculando o tempo que levará até aquela onda chegar aqui.

Eu quero mais.

Eu quero olhar o horizonte e ter a certeza de que estou no lugar certo, fazendo o que eu faço de melhor e feliz por poder abrir minha janela e todas as minhas portas para esse sol que eu sei que um dia voltará a brilhar."

Por Alice Venturi

Professora, escritora e entusiasta